Lúcia + Madalena | Madalena Bettencourt & Lúcia Santos (Português)

Esta obra faz parte de uma série de co-comissões da performingborders em parceria com o projeto performance, possession + automation. Esta comissão é uma de três que resultam da nossa convocatória pública a propostas de escrita experimental, lançada em Outubro de 2023. A versão em Inglês desta obra está disponível em Inglês AQUI.


Feitiços são línguas, comportamentos, são processos e são formas mentais. São na sua maioria do nosso desconhecimento, enquanto são da mesma maneira o que mais controla a nossa existência. Gostamos de pensar que somos capazes de manter um estado de atenção que nos permite aceder ao que tem controlo sobre nós, mas – no fundo – é improvável termos noção da sua extensão.

No contexto dos temas em questão, que vão ao encontro da proposta da performingborders + ppa, torna-se clara a relevância dos conceitos de possessão e automação para a nossa conceptualização do que é um feitiço. Pelo nosso entendimento do que implica estar sobre o efeito de um, o desenvolvimento deste projeto correu como expectável – sem qualquer tipo de controlo consciente.  

De duas pessoas que teimam em tentar compreender-se através do tudo o que seja palpável, parece inevitável a decisão de trabalhar com objectos. Numa tentativa de explorar e compreender a nossa relação com aquilo que possuímos, e que nos possui por consequência, juntámos um conjunto de coisas – que nos teriam definido no passado, naquele momento, ou nunca, dentro de uma caixa.  

O que é que os objetos nos quais nos cingimos definem e/ou representam sobre nós? É possível deixar(-se) ser possuído pelos feitiços de alguém através das suas coisas? Como é que a relação com objetos se altera, se estes não forem carregados de memórias e sentimentos? E têm alguma espécie de autonomia fora das nossas expectativas? 

No início de Janeiro trocámos e abrimos as ditas caixas, durante uma residência de 10 dias. Prosseguimos com o desenvolvimento de corpos de trabalho separados, mas com um processo criativo em comum.  

Não me levem as coisas,  e https://docs.google.com/document/d/1wsuMLnFXWUzbHOdoAxULr3n5apnyY5c_ktgVCZOL9NY/edit são resultantes da exploração da nossa relação com os objetos uma da outra, maioritariamente através da associação da escrita à feitiçaria, e das memórias de ritualidade e automação às práticas performativas.

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Não me levem as coisas,

Se possível, a obra deve ser experienciada com auscultadores. O design de som é elemento importante para a compreensão da performance em si. Os textos originais do espetáculo podem ser encontrados aqui em inglês e aqui em português.

Para quem quiser ouvir a composição sonora original e os sons gravados da atuação, ouça aqui:

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https://docs.google.com/document/d/1wsu
MLnFXWUzbHOdoAxULr3n5apnyY5c_ktgVCZOL9NY/edit

https://docs.google.com/document/d/1wsuMLnFXWUzbHOdoAxULr3n5apnyY5c_ktgVCZOL9NY/edit é um link, um projecto de longo-termo e uma tatuagem em permanente atualização.

Uma reflexão sobre possessão e re-possessão pelo que é mutável e pelo que nunca muda. Sobre aceitação e controlo e a sua perda, e a ligação entre feitiços, escrita e criatividade. 


Credits: Não me levem as coisas,
by Madalena Bettencourt
Director/Producer: Madalena Bettencourt
Sound composition: Madalena Bettencourt
Photography director: Ana Veiga
Photography assistant: Catarina Pinto
Video director(s): Guilherme Capa, João Miranda
Video editor: Madalena Bettencourt
Assistant: Tomás Serrão
Text translation: Clara Sprung, Lúcia Santos, Tomás Serrão, Madalena Bettencourt

Special thanks to all the team and people involved in the project, to name a few: performingborders, for the opportunity, kindness, and support; Lúcia Santos, for the precious heart and spell; António Leitão, for keeping my foot company; Ana Veiga, for the constant smile; Madalena Sousa, my inner child; Bárbara, my mom, for letting me keep my things and my great-grandmother Ema, for her love.

Credits: https://docs.google.com/document/d/1wsuMLnFXWUzbHOdoAxULr3n5apnyY5c_ktgVCZOL9NY/edit
by Lúcia Santos
Video: Aryna Bokach 
Video editor: Lúcia Santos, Petra Rudolfová 
Photos / Assistant: Petra Rudolfová

Madalena Bettencourt, entusiasta sonora e intitulada de sonoplástica, procura constantemente interpretar o mundo através do exercício da audição. Para além da Escultura, explora diversas áreas que a permitam tratar o Som enquanto entidade. Recentemente nos seus projetos, tem se aproximado do acto da Escrita e da Performance – encontrando nestes momentos a oportunidade de explorar o seu próprio tempo, de um modo mais profundo. Desde a sua Licenciatura em Escultura, na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa, tem desenvolvido projetos individuais e coletivos, incluindo: “Construção de uma Utopia” Residência Artística, organizada pelo colectivo Penumbra (Outubro 2022); projeto “Arts 4 People and Earth”, organizado pelo Bureau of Educational and Cultural Affairs, Washington DC e ARS, Fundão (2023); Happening “Hoje o mundo vê-se mais do que se Ouve”, na Cisterna da Faculdade de Belas-Artes de Lisboa (Maio 2023); Bienal de Loures “Jov’Arte”, premiada com o terceiro prémio (Novembro 2023); composição sonora para a performance “Duas páginas por Dia” do António Rivotti, no espaço cultural “Casa Cheia”, Lisboa (Janeiro 2024).

Lúcia Santos é uma artista multidisciplinar, atualmente estabelecida em Reykjavík. Após a sua Licenciatura em Escultura pela Faculdade de Belas-Artes de Lisboa, tem-se focado maioritariamente em práticas performativas através dos seus projetos e contínua formação.

These works are commissioned by performingborders and performance, possession + automation. Supported by Arts Council England, Arts and Humanities Research Council, and Necessity Fund.

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